sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Igreja e a Educação na Idade Média


Tenho observado que essa falsa impressão tem sido reinteradamente divulgada pelos historiadores, principalmente pelos que por ideologia aderem aos ataques à Igreja, tentando responsabiliza-la pelo suposto obscurecimento vivido pela humanidade durante a Idade Média. No entanto nem a Igreja tem culpa, nem houve o obscurecimento da Cultura Universal na Idade Media.

O fenômeno educacional da Igreja não se restringe ao período das expansões coloniais na America ou é limitado por um espaço geográfico qualquer. A Igreja desde sua instituição pelo próprio Cristo atingiu progressivamente todos os quadrantes do Globo terrestre de tal modo que a Igreja jamais poderá ser acusada de omissão na educação da humanidade. Ide e ensinai.

Quando Jesus Cristo ordenou aos apóstolos ensinar aos povos do mundo, caracterizou como essencial a missão pedagógica da Igreja. A Igreja existe em primeiro lugar para ensinar, educar e transmitir com exatidão. Sendo assim ela enfrentou desde o inicio, em todos os tempos, em todos os quadrantes, as maiores dificuldades metodológicas e pedagógicas, sistematizando técnicas no objetivo de obter sucesso de seu fim missionário diante de línguas e costumes de praticamente todos os povos existentes na terra. Portanto, a Igreja diante da necessidade de comunicar teve sempre o maior interesse de aprender para poder ensinar e realizar o seu fim missionário.

Mesmo autores historiadores tradicionalmente inimigos da Igreja como Laurent ou Michelet foram obrigados a admitir que os hospitais, os orfanatos, e as escolas de educação formal, incluindo as Universidades como conhecemos hoje são uma criação da Igreja e de suas ordens religiosas.

Lembrando que a Biblia quer dizer etmológicamente: “um conjunto de livros”, pode-se também dizer que a Igreja teve como objetivo, desde seus primórdios a missão de “Guardar os Livros” e a tradição, uma tendência que se expressará pela história da humanidade adentro. Werner Keller em: “Y La Biblia tenía Razón” nos mostra que os manuscritos autógrafos mais antigos em poder da Igreja datam dos anos cem DC, enquanto os mais antigos em poder dos judeus datam dos anos 900 DC. Os originais em poder da igreja são oitocentos anos mais antigos dos que os dos judeus. Em hebreu existem os fragmentos de Nash e o rolo de Isaias do Mar Morto do ano 100 AC, e são esses os mais antigos documentos originais em hebreu depois há um hiato ate o ano 916 DC com o Códice Petropolitano. Já em Grego o documento tem origem entre o ano duzentos e trezentos AC, como a Versão Alexandrina dos Setenta; os fragmentos de Ryland e os fragmentos de Fuad, continuando com farta documentação atem os anos 450 DC. Os latinos começam pelo ano 100 DC e acumulam-se ate os nossos dias. Esse o Patrimônio da Igreja. Guardar e ensinar resultaria em bibliotecas portentosas, entre elas a que primeiro se sobressai foi à fundada pelo Bispo Alexandre em Jerusalém no terceiro século de nossa era. Segue-se em importância a de São Damaso em Roma. Ficaram célebres também na historia do conhecimento e da cultura universal as bibliotecas organizadas nas Catedrais de Chartres e Reins e aquelas que nasceram em conventos como a de São Galo, Monte Cassino; Monthe Athos e a de Santa Catarina que isolada no deserto da península do Sião preservou um monumental tesouro da cultura universal. Hoje, negue quem puder, a Biblioteca do Vaticano é uma das mais importantes do mundo contemporâneo, seja pelo numero de impressos e manuscritos lá encontrados, seja pelo valor histórico e cientifico desses documentos.

Neste mesmo sentido, quando os bárbaros teutões, pagão invadiram o Império romano, como todos sabem; e posteriormente os Hunos vieram dizimar o território europeu, concordam todos os historiadores que já tive a oportunidade de pesquisar, que a Igreja se viu obrigada a esconder e proteger como nunca preciosos volumes. Alguns s afirmam que dessa necessidade de proteção nasceram algumas outras bibliotecas valiosas constituídas por documentos religiosos e filosóficos ou científicos cristãos e pre- cristãos de origem hebraica, grega, egípcia, romana dórica e latina.

Não fosse o zelo da Igreja e de suas ordens religiosas mais antigas dificilmente se conheceria nos dias de hoje, por exemplo, as obras de Aristóteles e através dele as de Platão. Julierme historiador marxista reconheceu que se não fosse a Igreja mais de 80% do que hoje conhecemos sobre o mundo antigo teria se perdido. O mundo seria diferente. Sendo assim tampouco conheceríamos o que hoje conhecemos. Se não fossem os amanauenses, os monges copistas, que com arte e paciência copiaram, comentaram e divulgaram, antes da imprensa existir, os livros que certamente determinaram a origem da civilização contemporânea.

Ensina a Historia da Educação que são quase inseparáveis as noções de educação Formal com a noção de escrita e de leitura. Com a escrita começa o período “Histórico da Humanidade”. Livros, memória escrita, bibliotecas e escolas sistematizadas é um elo que ligam a ciência e a cultura universal à Igreja. Neste ultimo sentido a historia ira testemunhar que a primeira atitude prevendo a sistematização de uma ordem ou vontade governamental dirigida para a alfabetização da população, foi à incomum atitude de Carlos Magno que sob a supervisão de Alduino, monge e saibo católico, estrutura pela primeira vez na historia da humanidade a escola Formal durante o oitavo século de nossa era. Quem quiser pesquisar encontrará também verdadeiras escolas modernas nos mosteiros do décimo século de nossa era. Depois em testemunho do que digo vieram às escolas Catedraliacias, anexas as Catedrais e voltada para o ensino formal complexo (humanidades).

Jamais se poderá negar, e não se pode deixar de lembrar que as Universidades, no exato sentido do termo, são também insofismavelmente filhas da Igreja. O Papa Inocêncio III fundou a Universidade de Paris. São também obras da Igreja, apesar de muitos pensarem ser obras de protestantes as Universidades de Oxford na Inglaterra em 1168; e a de Cambridge (ambas fundadas antes da reforma protestante). Montpallier; Orleans; Toulouse; Avignhon; Pontiers, todas na França. Na Espanha Validolid em 1346 obras do Papa Clemente VIU e posteriormente Salamanca. Em Portugal o Estúdio de Lisboa em 1290; o Estúdio de Braga em 1347. Na Alemanha Heidelberg em 1385 e Colônia obra dos dominicanos em 1388 e Erfurt fundada pelos franciscanos e reconhecida em 1379. Daqueles anos para cá eu não ousaria enumerar o imenso numero de universidade católicas criadas no planeta e as outras instituições de ensino médio e fundamental promovidas pela Igreja nos cinco continentes. Faltaria espaço.

Concluindo, quem poderá negar o papel da Igreja na educação da humanidade. Julgo porem necessário lembrar outro fato bem esquecido e negligenciado pelos historiadores da Educação. As missas, enquanto espaço de predicação, veiculo de homilias inteligentes e construtivas e valores morais, fosse praticada nas catacumbas de Roma, nas universidades ou nas paróquias, é e foram, e serão sempre escolas de civismo e moral, que com sua ação ininterrupta desde os primórdios da Igreja construi a solida consciência cívica dos cristãos. Ainda que se possa dizer que tais atos religiosos não ensinam, a ler e escrever ninguém poderá negar sua ação civilizadora e o amor aos livros santos que inspira.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Idade Média: idade da Lógica e da Música.



Idade média, a idade da lógica e da música.
As relações entre a música e a matemática podem ser encontradas em Pitágoras, no século VI antes de Cristo. Embora a humanidade não conheça nenhum original de Pitágoras, seus seguidores da Escola-pitagórica e posteriormente os Neo-Pitagóricos nos dão algumas pistas sobre o pensamento do mestre. Mas não é isso que me interessa nesse texto. O que me interessa é que havendo uma relação estreita entre a matemática e a musica, relação incontestável, e relação entre a matemática e a lógica, também incontestável, pode-se dizer que a Idade Média foi à idade da lógica e da musica. No período compreendido como Idade Média, eclodiram todos os grandes avanços da musica e, portanto também do o pensamento lógico. Um está estreitamente ligado ao outro. De São Gregório Magno, Papa, com o canto Gregoriano, ate o monge Beneditino Guido d`Arezzio (século X) inventando a notação musical e as sete notas ordenadas mais ou menos como são ensinadas ainda hoje, construía-se tudo o que de avanço houve na musica e no canto. Na idade Média surgia a polifonia, o estudo da métrica, do timbre, da intensidade, da harmonia, da melodia e do ritmo. Na idade Média igualmente surgia a Escolástica, a Metafísica Sistêmica, a Lógica e o Silogismo Comparado.
O instrumental musical ganhava qualidade no sopro, nas cordas tangidas ou friccionadas, nos “organettos portatos” (órgãos portáteis parentes longínquos dos acordeãos) na percussão.
Segundo Roland de Candé, os principais instrumentos típicos da idade média são: Flauta Reta; Flauta Transversal; Cornamusa; Viela de Arco; Viela de Roda (instrumento surpreendente também chamado synphonica); o Alaúde; a Harpa; a Percussão; o conjunto Flauta e Tambor tocado simultaneamente pelo mesmo músico); a Flauta Dupla; a Rebeca; o Saltério e finalmente o “ Organetto”.
Por um motivo que não sei explicar costuma-se atribuir aos árabes a introdução na Europa de certos instrumentos musicais de origem oriental, todavia, deve-se lembrar que os Hebreus desde os primeiros anos do Cristianismo, vindos do oriente, conviviam com o Império Romano, mesmo no Egito, mesmo nos desertos Árabes, e nos demais cantos do norte da África. E os hebreus são exímios instrumentistas. Assim como alguns instrumentos ditos orientais são na realidade de origem grega ou romana. Assim nos parece forçado, entender que apenas os Árabes, e somente eles tenham servido de “ponte” para essa introdução gradativa de instrumentos musicais “exóticos” na Europa Medieval. Muitos povos orientais estiveram na Europa, guerreiros ou não, traziam suas contribuições culturais, artísticas, lingüísticas e musicais. Não se pode, nessas afirmações, esquecer o alcance territorial dos Impérios de origem européia, nem o alcance territorial dos impérios de origem mais oriental e a influencia mutua dos povos orientais e ocidentais uns sobre os outros. Não se pode esquecer a África Cristâ dos primeiros séculos. Nem das Antigas Navegações de Alexandre, ou as do faraó Necao II. Não estou desmerecendo o “elogio” árabe, mas estou dizendo que há por detrás desse elogio meio sem comprovação objetiva, e aceitação preguiçosa, uma tentativa sistêmica de desmerecer a Idade Media Européia, afastando da mente do jovem estudante a importância do pensamento Católico no desenvolvimento da cultura Ocidental. Além do que a musica Ocidental é superior a musica Oriental.
Os instrumentos medievais estão sendo resgatados, não da tradição musical viva, mas estão sendo recolhidos de relevos, pinturas e desenhos de artistas medievais encontrados em Igrejas e iluminuras, e vem sendo reconstruídos, pesquisados, comparados numa busca mais precisa de suas origens históricas, embora nada disso desmereça o desenvolvimento que o pensamento da Igreja como mecenas deu as artes musicais e à lógica formal.
A tese que defendo claramente aqui é que a Idade Média foi sem duvida a Idade da Música e da Lógica, onde o cristalino pensamento cristão deu origem à Civilização Ocidental da qual em nada devemos nos envergonhar se olharmos os fatos no seu contexto histórico, e não com os olhos do judeu marxismo e do materialismo histórico. O pensamento Cristão Ocidental, como um lapidador experiente foi dando forma à gema oculta de tudo que se lhe apresentava como realidade cultural, viesse de onde viesse, pois esse era o espírito Universal do Catolicismo (cuja palavra quer dizer Universal ou destinado a todos os povos) que gerou as universidades e o requinte do pensamento filosófico medieval, pouco estudado e muito caluniado como ainda veremos aqui nesse Blog do Grupo 23 de Outubro.
Veja abaixo uma Viela de Roda, também chamada SYNPHONICA, instrumento que lembra um violino, tocado por uma manivela que excitava as cordas em movimento continuo, longo e choroso, cordas que eram encurtadas por um teclado dando-lhe a riqueza da expressão musical única e inconfundível.