sábado, 16 de maio de 2009

Como estudar a Idade Média Eclesial?


Na foto: Vila Medieval, com carateristicas, de tempos posteriores.( Relógio, vidros planos claros, luz e agua encanada).
Como estudar a Idade Média Eclesial?

Para que não fiquemos com uma falsa impressão do nível de cultura popular no conjunto dos povos no período da idade média eclesial (o que é diferente no seio da Igreja), é preciso chamar a atenção para alguns fatos. Primeiro o período que vai de 692 a 1450 corresponde a 758 anos, ora, isso significa que cabe toda a história do Brasil e ainda sobram 250 anos. Obvio que os diversos povos do Ocidente e Oriente nesse longo período se desenvolveram de muitas maneiras, com níveis diferentes, e seria ingênuo nivelá-los, mas o que nos importa é o desenvolvimento da Igreja enquanto instituição e sua influência na Idade Média.
Em segundo lugar, pode-se estudar a Idade Media pelos arquivos e documentos Papais, ordenados positivamente, de modo a verificar como a Igreja se posicionava diante dos fatos morais e religiosos, como também políticos, no tempo.
Terceiro, é preciso lembrar que por convenção costuma-se dividir a idade média em três períodos com características históricas diferenciadas: 1) Idade Media Ascendente (692-1054); Idade Média Alta (1054-1294); Idade Media Decadente (1293-1450), curioso, todavia é que se chama de Idade Media decadente, justamente o período onde se criam as Universidades, e isso se justifica, pois essa convenção foi criada por autores liberais do inicio do período que por eles próprios ficou sendo conhecido como Renascimento, ou seja, era preciso postular uma decadência, para haver um Renascimento liberal, racionalista e naturalista fundado em tradições pré-cristãs.
Respeitadas essas convenções que desde muito a Igreja deveria ter abandonado, pode-se dizer, em linhas gerais que:
Na idade media ascendente (vejam que a imensa maioria dos autores esquece o mundo Oriental) temos o período de formação da cultura medieval Ocidental, quando a Igreja vai penetrando aos poucos no âmago dos povos germânicos e constituindo com eles o chamado Estado Medieval. Um único e grande Império que unia germânicos e romanos em duas fases sucessivas: 1) O Império Carolíngio dos Francos e 2) o Império Otônico dos Germanos. O Estado assume uma consagração eclesiástica (lembre-se que os Imperadores de todos os povos se diziam, ou divinos, ou divinizados, ate mesmo Jesus Cristo, chamado na Cruz Rei dos Judeus, era Deus e Homem). O cristianismo, diante do Senhor Divino, dá uma unção aos Imperadores, em Nome de Jesus Cristo, chamada Unção eclesiástica seguida assistência moral aos Imperadores do período. A partir dos anos 800 no Ocidente procura realizar o ideal de uma Santa Sociedade, chamada Santo Império, o da Civita Dei (Cidade de Deus), sob Carlos Magno. Por outro lado a Igreja, por motivos óbvios, facilmente identificáveis no estudo do período, assume oficialmente uma missão estatal: é criado em 756 o Estado Pontifício na Itália, e muitos dos Bispos são então designados (como servidores públicos, ou do Estado) assumindo funções sociais e políticas junto aos Senhores de seu Tempo (a Igreja tem agora território e serviço diplomático, se assim podemos dizer). Todavia os autores eclesiais mais prudentes, vão nos narrar o que ocorre, num mundo ambicioso e cercado de invasões (também no campo ideológico e da fé) um suplantação dos interesses do Estado Eclesiástico pressionados pelas necessidades do seu tempo, sobre a Igreja enquanto Corpo Místico de Cristo, e sua missão evangelizadora (que não se interrompe, no entanto). Esta estreita convivência com os poderes do Tempo vai gerar as simonias e investiduras, onde Leigos assumem em destaque o comando às vezes doutrinário do Corpo Místico.
Na Alta Idade Media, a Igreja tendo-se verdadeiramente arraigado como líder Moral na vida do Ocidente e Oriente, graças ao Primado dos sucessores do apostolo Pedro cujo tumulo esta em Roma, luta para liberar-se do braço secular, submetido agora pelo interesse secular de vários Imperadores, e consegue com sucesso sob a reforma religiosa dos monges de Cluny e sob o Comando do Papa Gregório VII (1073 Canossa). Esse Papa alcança um prestigio que a Igreja Mística, nunca tivera diante da vida interna da Igreja e nas relações com os soberanos do tempo. Neste período considera-se o auge da Escolástica.
A Idade Media decadente. Eu não sou historiador, mas ao olhar os textos que tenho, vejo que há uma omissão no estudo desse período, omissão grave que desconsidera as pressões sofridas na Europa, tanto pelo judaísmo, como pelo islamismo, como pela maçonaria filosófica, braço do judaísmo, assim como não se fala nos acontecimentos que influenciavam a Igreja nos demais rincões da Igreja espalhada já desde muitos séculos no Oriente. Os autores parecem esquecer que a Igreja vem do Oriente Próximo e Médio para o Ocidente, e não o contrario. È a promessa de Cristo a Pedro: “Pedro sobre ti erguerei a minha Igreja” que dará prestigio a sede episcopal de Roma, darão ascendência mística às demais comunidades cristãs do mundo todo. Assim nessa ausência de analises se diz que o Império Cristão do Ocidente dará lugar aos pequenos reinos, pequenos “Estados Nacionais”, que dará origem ao nacionalismo religioso. Os autores costumam dizer que esse “individualismo religioso” das nações, anteriormente, disciplinadas, educadas e formadas pela Igreja voltam-se aos poucos contra Ela com progressiva violência, sendo que os principais eventos assinalados foi o exílio papal em Avinhão ( 1305-38) que significou a sujeição do Papado ao poder francês e o Grande Cisma Ocidental que ( 1378- 1417) que, segundo esse autores, quer confundir, contrariando a longa tradição, contrariando o primado da Sé Romana e suscitando uma serie de “teorias eclesiológicas” condenadas pelo papado e aberrantes da Tradição. Essa perda de obediência à cabeça ( Pedro, sobre ti erguerei a minha Igreja) resultou num relaxamento da disciplina eclesiástica ( principalmente nas Nobrezas) e uma resistência ao papado instrumentalizada pelo poder político dividido em nações com interesses múltiplos que prepararam, cada qual ao seu modo a dita cisão protestante, que para os autores liberais, vai encerrar o período da Idade Media e começar o período convencionado como Idade Moderna. Assim estes autores assinalam como origem dos tempos modernos a desobediência Papal, ou seja, a desobediência ao primado de Pedro e a promessa de Cristo: Pedro tu és a pedra.