quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A conversão dos primeiros Goim.



Ilha de Patmos, a escrivaninha de Saõ Paulo.

A conversão dos primeiros gentios (Goi ou Goim = Góes, segundo Houais, goim ou gói diz respeito aos povo ou individuo não judeu) e a expansão do cristianismo no mundo ORIENTAL.
A abertura pelo pensamento cristão no seio das comunidades judias cristãs quebrava os “guetos sectários” e os aproximava dos gentios. Todavia repugnava a mentalidade quase bi milenar dos judeus, trazê-los diretamente ao Batismo sem passarem pela sinagoga e suas tradições. ( lembrem-se São João Batista batisava judeus, incluindo Cristo). Pretendiam conservar as práticas judaicas (Johnson) impondo-as aos gentios (que até então eram considerados como gado, rês, coisa- ha quem discorde) que se convertessem. Por outro lado essas novidades colocavam em cheque a origem divina dos Césares.
Ora, parece ter sumido da consciência das gentes, que o judaísmo e o cristianismo nascente eram religiões orientais. Orientais em duplo sentido: porque vinham do oriente, ( não faziam parte das tradições greco romanas) e porque orientavam. Você dirá, mas que bobagem! Não, quando os povos antigos migravam, como foi o caso da saída de Ur, e tantas outras migrações que a história registra como a de Alexandre, por exemplo, os povos e exércitos, não seguiam estradas, nem sinalizações, eles antes, muito antes da descoberta do Norte, e do magnetismo, se orientavam pelas estrelas, e entre elas e principalmente o Sol. Assim a palavra orienta+ação tem origem na noção de “Oriente” onde nascia o Sol, do “Poente” onde se punha e se opunha ao Sol. Essa linha imaginária era a base de onde partiam todas as orientações, rumos, direções e sentidos. O judaísmo e o cristianismo eram ORIENTAIS.
Seguira as tradições judaicas ou não segui-las, isso parece nos nossos dias uma questão absurda, mas não era na Igreja nascente. Seria a Igreja uma mera seita do judaísmo, dependente dele, ou uma realidade autônoma, advinda do nascimento do Messias, suprema e universal?
A Ordem do Messias era clara: “Pregai o Evangelho a todas as criaturas” (Mc 16.15). O próprio Deus mostrará ao pescador judeu Pedro a sua vontade nesse sentido, e numa visão mostra que os pagãos devam ser diretamente batizados. E ele batiza, sendo esse o primeiro não judeu cristianizado, o Centurião Cornélio e toda a sua família. Há um escândalo, o fato causa estranheza entre os judeus cristãos, que se apaziguam quando sabem de Pedro que agira por ordem divina.
Mas logo se espantam ao saber que assim se estava procedendo também em Antioquia e que os discípulos de origem judia estavam ali tão independentes do judaísmo que até já se designavam pelo neologismo de Cristãos, seguidores de Cristo o Rei dos Judeus.
Mandado pela comunidade, Barnabé, a investigar os acontecimentos, ele, inspirado pelo Espírito Santo, aprovou-o e se fez ajudar das opiniões de Paulo (o ex- fariseu) a que foi em busca em Tarso. Opunham-se assim, esses, a todos aqueles que queriam o cristianismo nascente vinculados ao judaísmo, e que não poderiam se salvar, diziam, sem as praticas do judaísmo. Levou então a questão à assembléia dos apóstolos. O Concilio de Jerusalém no ano 50, presidido pelo Pescador Judeu Pedro, decidiu a favor do batismo, porém ficou, com a inércia das tradições judaicas uma triste fofoca, que deu a Igreja seu primeiro cisma.
Dividida no seu início, e com o martírio de Pedro e Paulo, Tiago Menor e Maior, e com a perseguição de Herodes os apóstolos se dispersam (segunda diáspora cristã). A tradição fala em Tomé na Índia (posição mais oriental); Bartolomeu na Armênia, ao Norte e ao Oriente; Mateus no Egito, ao Sul e mais a Ocidente; Tadeu na Mesopotâmia (ao Oriente).
Com maior segurança histórica há os relatos de São João, em Éfeso,( Ásia Menor) cidade escolhida pelos apóstolos como ponto de encontro, entre o mundo Oriental e Ocidental. Tornou-se centro de grande movimento. Com João importantes cristandades floresceram e por ele foram dirigidas, ou ORIENTADAS. Notável também a influência que exerceram Santo Ignácio de Antioquia e São Policarpo, e outros discípulos do apóstolo João, que se tornaram chefes da Igreja na Ásia, depois da morte de São Paulo. João na segunda perseguição foi levado a ROMA e metido em uma caldeira de óleo fervente, sobreviveu ileso. Desterrado então, para a ilha de Patmos ai escreveu o Apocalipse. Morto Domiciano em 96, João torna a Éfeso combatendo as heresias das correntes dissidentes e interpretativas do pensamento de Cristo. João é o último dos apóstolos a morrer (depois do ano 100).
Novamente contemplamos que perseguida a Igreja cresce. Libera-se do sectarismo racial, e tornam-se base de combate as correntes que negam Deus e o Messias Jesus Cristo, fora e dentro do judaísmo. O Cristianismo Orientava no Oriente. O gado gentil, agora se tornava gente, filhos adotivos de Deus pelo batismo, co partícipes da história salvitica. O Povo de Deus perdia assim o seu privilégio sectário e racial.
Éfeso, campo de apostolado de São João era a mais antiga província romana da Ásia Menor, hoje Turquia, veja abaixo uma imagem de Éfeso.


Wallace Requião de Mello e Silva para o G23 HI