quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Perseguidos e fortalecidos.



Perseguidos e fortalecidos.

Nossas gerações ficam deslumbradas com os movimentos universitários de protesto, mas não imaginam o que foi a perseguição aos judeus cristãos no início da Igreja. Perseguidos pelos Judeus não cristãos, e pelos romanos, o número de martírios era enorme. Morte, não como a de um Che Guevara, morte as centenas, com requintes de crueldade, não que a do Che também não os tivesse. Os Padres Nedermaut e Negromonte, nos dizem: O cristianismo crescia rapidamente. No grupo de convertidos de Pentecoste, que havia atraído judeus dispersos em todos os territórios do Império Romano, havia, portanto judeus de diversas partes que voltavam para as provincias anunciando a Boa Nova, as novas notícias. A perseguição em Jerusalém, já citada dispersou os judeus conversos, facilitando ainda mais a divulgação dos acontecimentos recentes. São Paulo e suas viagens levaram o Evangelho a muitas cidades ( ele foi martirizado), assim como as viagens de Pedro ( também martirizado*), de Roma para Jerusalém, e de Jerusalém para Roma (vocês já viram a distância?). Em breve, ainda que em pequenas comunidades o Evangelho já houvesse chegado as Gálias, à Bretanha, a Germânia, a toda a Itália atual. Comprovando que mais do que obra humana, o sopro de Deus espalhava as sementes. No Egito Alexandria desde muito, pelo grande número de judeus que possuía tornou-se centro de divulgação do cristianismo. O mesmo acontecia com Antioquia na Síria. A Ásia menor, por obra de São João apóstolo havia um rosário de comunidades cristãs a partir de Éfeso, hoje Turquia. São Justino (século II) nos diz: não há povo bárbaro, ou grego, no meio do qual não se ofereçam ações de graça ao Pai em nome de Jesus Cristo Crucificado. Ele dava assim suporte às palavras de Paulo, pois a cruz é o ato máximo de humildade do Senhor.
Santo Inácio de Antioquia nos dirá que a Igreja já se estendia aos extremos do Império (que era considerado o mundo). O número de mártires do primeiro século (incluindo os apóstolos, e Jesus) nos mostra qual a força, a impertinência, a profundidade da luta e vontade dos Cristãos; Tertuliano, morto em 222, dirá: “o sangue dos mártires é semente de cristãos”. Poucas pessoas se dão ao trabalho de pensar o porquê de os cristãos darem as suas vidas, não entendem o sentido da luta, quando muito a entendem como um conflito sócio político, jamais pensam que havia ali uma convicção religiosa, e uma maoral combatida de todos os lados, essa convicção revia todo o comportamento dos homens daquele século. O que nunca se pensa e se diz era o interesse de Deus, na divulgação da doutrina de seu Filho Único. Para isso é preciso fé, e hoje poucos a professam.
A resistência vinha de um choque de valores entre as paixões pagãs e o asceticismo moral cristão.
(1) As exigências morais do cristianismo espantavam aos pagãos.
(2) A Doutrina do Cristianismo era inteiramente contraria a mentalidade pagã, e desbancava a hierarquia judia.
3) O povo estava acostumado ao culto dos ídolos ( os divinos Césares, astros, adivinhações, divindades do mundo pagão, bois, amuletos, etc. e tal)
4) O cristianismo contrariava os interesses dos sacerdotes pagãos e judeus ( que perdiam seu prestígio) e dos mercadores de ídolos ( que perdiam seu negócio) Ver Atos dos Apóstolos (At.19.25)
5) Os poderosos e cultos Gregos e Romanos não admitiam ouvir ensinamentos de homens humildes saídos dos execrados judeus cristãos.
6) Impediam ou dificultavam ao cristianismo os seus passos as acusações, dos judeus, e dos romanos. (Nero por exemplo os acusou pelo incêndio de Roma)
a) Inimigos do Império por não seguirem a religião oficial do Imperador Divino. Inimigos do Sinédrio por seguirem o homem que se disse rei dos judeus e Filho de Deus. (costuma-se dizer em defesa que o Sinédrio era um tribunal civil, porém no judaísmo a lei civil, é a lei religiosa, e Jesus foi condenado pelos judeus, por ter curado no sábado, violando a lei do Shabat).
b) Inimigos do Gênero humano, responsáveis pelas impiedades contra César e contra o Sinédrio.
c) Inimigos das leis, porque organizavam reuniões próprias, secretas, e se negavam a participar dos cultos pagãos.

* Viagens de Pedro: Sabe-se que São Pedro foi constituído fundamento visível da Igreja como lemos em Mt 16,16-19; Jo 21,15-17. Os Atos dos Apóstolos mostram que esse apóstolo em particular tomava a dianteira logo nos primeiros tempos da Igreja. Lemos sobre isso em Pentecostes( At 4,8-12), no portico de Salomão ( At
3,12- 26), diante do tribunal judeu ( At 4,8-12) , no caso de Ananaias e Safira ( At 5,1-11), ao receber o primeiro pagão ( At 10,1-48) e ao pregar em Samaria (At 9,32-43). Sendo essa liderença instituída pelo próprio Cristo, ele haveria de ter responsabilidade pelas demais comunidades nascentes, e provavelmente viajava para atender suas comunidades.Sabemos que no ano 42 foi preso em Jerusalém. Mas lemos em At 12-17 que uma vez solto retira-se para outro lugar. Escritores antigos, narram que Pedro viveu 25 anos em Roma (Tertuliano, Eusébio), ou seja de 42 a 67, todavia Pedro é tido como fundador da Sé Episcopal de Antioquia na Siria, como lemos em At 15,7-11; esteve presente no Concílio de Jerusalém em 49 e pouco depois leremos que novamente estava em Antioquia em Gl 2,11-14) esse dados nos levam a acreditar que se Pedro viveu em Roma 25 anos, lá não esteve ininterruptamente, constituindo essas as viagens de Pedro. Pedro foi martirizado em Roma em 67. Em 1Pd 5,13 lemos que Pedro fala em nome dos cristãos de Babilonia, onde reside. Babilônia é a Roma pagã do primeiro século como conferimos em Ap 18,2s. São Clemente de Roma ( Papa) dirá em 96 refere-se a Pedro e Paulo que deram testemunho diante dos poderosos ( pode-se supor que São Clemente de Roma se referisse aos poderosos de Roma, de onde escrevia). Não existe carta de Pedro aos Romanos, o que mostra que ele se comunicava verbalmente como sua comunidade. Santo Inácio de Antioquia, falecido em 107, escreve aos romanos dizendo " Eu vos ordeno, não como Pedro e Paulo" ora Pedro e Paulo já haviam sido martirizados, e o texto afirma claramente "eu vos ordeno não como Pedro e Paulo, vos ordenavam em Roma. São Clemente de Alexandria morto em 215 narra que São Marcos Evangelista redigiu por escrito as pregações de Pedro a pedido de seus ouvintes romanos. Santo Irineu de Lião por volta de 180-190 apresenta um catalogo de Bispos de Roma desde Pedro ate sua época ( Conta as Heresias II 15; VI 14) O presbitero romanos Gaio, em 200 atesta que em sua época ainda se podia visitar os túmulos de Pedro e Paulo, um na colina do Vaticano e outro na via Ostiniense ( como podemos ler em Eusébio II) Constantino construiu um catedral sobre esse túmulo em 324, todavia sabe-se que sob o Imperador Valeriano em 258, antes portanto da construção de Constantino, esse imperador, pribiu que cristão visitassem os túmulo para celebrar a memória dos martires, por consequência, os cristãos levaram as reliquias de Pedro para as catacumbas de São Sebastião na via Apia, e um vez passada as perseguições trouxeran-na de volta para a colina do Vaticano, onde Constantino construiu a catedral.


Abaixo um dos escapes das catacumbas.(túmulos subterrâneos de Roma)


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