O monaquismo Cristão. (não confundir com monarquismo, governo de).
Monachós é palavra de origem grega que se traduz por: aquele que esta só. Assim monaquismo designa a forma cristã de vida totalmente consagrada a Deus, no retiro, no silencio, na oração, na penitencia expiatória e no trabalho. Cenobita, é palavra que se origina de Koinobios, ou seja, koinos (comum) e bio (vida) , portanto vida em comum, donde um cenobita era quem vivia em comum, esse tipo de vida religiosa, em uma casa comum, em grego chamou-se Monastérion de onde vem a palavra portuguesa monastério. A modalidade de vida em comum por motivo religioso não é uma invenção do cristianismo, e houve no registro da história muitas comunidades monásticas pré-cristãs. Na Índia, na China, na Palestina entre hebreus os essênios, no Egito os terapeutas e os neoplatônicos. Ainda não pesquisei mais a fundo esses cenóbios não cristãos. Todavia o texto da MC nos diz que o monaquismo cristão tem fundamentos imediatos nos evangelhos, onde o Senhor Jesus aconselha a deixar tudo e segui-lo incondicionalmente; ver Lc 9,57-62;Mt 19,16-22; 1º Cor7-8s; pode-se deduzir em São Paulo em 1º Cor 7 que já nas primeiras décadas do Cristianismo havia homens e mulheres que se abstinham do casamento para poder consagrar-se plenamente ao reino de Deus (todos leigos). O mesmo texto nos diz que ao chegarmos ao século III essa modalidade de vida cenobítica e ascética ( penitencial) tomou preferencialmente a forma eremítica; os cristãos retiravam-se para o deserto, inspirados pelo modelo e fama de Santo Antão ( 251-356).A diferença é radical e assinalável. Eremitério vem do grego éramos= deserto (ermo), ou seja, lugar desabitado e por conseqüência de vida solitária. Muitos autores chamam os eremitas de anacoretas, cuja palavra deriva de aná do grego ( para traz) e choréo, também do grego ( correr, caminhar) cujo significado é andar para traz, ou retira-se da vida social.
Santo Antão é por muitos considerado o Patriarca da vida monáquica, ou seja, da vida isolada, afastada, solitária. Retirou-se para o deserto do Egito, e lá desenvolveu sua mística. A vida desse eremita foi escrita no século IV por Santo Atanásio, influenciando as gerações de eremitas posteriores. Deve-se lembrar que os eremitas e os cenobitas eram leigos que viviam em silêncio e trabalhavam duro pela sua sobrevivência em lugares desertos, ou isolados. Alguns eremitas fizeram história pelas suas atitudes radicais, como São Simão (459) que passou 30 anos sobre uma rocha. Havia com o passar dos anos os “reclusos” que ficavam fechados em uma cela estreita por muitos anos, ou para sempre. Os "pascolantes" que vagueavam pelos campos comendo ervas; os giróvagos que passavam de mosteiros a mosteiros lá ficando uns poucos dias e os “sarabaitas” que viviam em dois ou três em uma cela sem superior ou regra. Essas vidas desenvolveram uma mística de relacionamento direto com a vida espiritual.
Como vimos paralelamente a essas incomuns atitudes de homens e mulheres, desenvolviam-se os cenóbios, ou vidas de leigos em comunidades, onde células sociais controladas exercitavam a doutrina cristã em comunidades enfrentando todas as agruras do convívio social intimo. São Pacômio morto em 346, foi o primeiro organizador da vida cenobítica que ele percebeu ser de necessária realidade uma regra e uma liderança, ao qual deu o nome de Abade ( aba= homem) pai. Assim a partir de São Pacômio os monges leigos tinham uma regra sobre a alimentação, a oração, o vestir-se, o trabalho, e no estudo do Evangelho. Foi a casa dos cenobitas cristãos que tomou o nome monastério, do grego monastérion. O primeiro mosteiro sob regra data de 320, e foi fundado por São Pacômio ao sul do Cairo em Tabenesi. Ate o inicio da Idade Media os monges eram leigos, assistidos por sacerdotes conforma as necessidades. Na Idade Média, nos diz o texto M. Ecclesiae se difundiu o costume de conferir o presbiteráto aos monges, pois para o fundador do primeiro Cenóbio sob regras, se proibia a ordenação para não suscitar o desejo de honra ou projeção.
Dos “padres dos desertos”, também leigos, guardam-se ate hoje seus escritos e dizeres chamados “Apoftemas”, cuja leitura (que eu nunca fiz), dizem, nos revela a sabedoria incomum, o conhecimento da alma humana e o heroísmo desses homens que se isolaram nos desertos por amor a Cristo e ao cristianismo espiritualizado.
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