A religião do Islam.
O curso de história da Igreja, que me serve por base das pesquisas que faço nos diz que a fonte doutrinaria é o Al- Korão (Corão) que em árabe traduz-se por recitação ou declamação, pois o texto deve ser recitado no culto, e também na tradição oral, segunda fonte doutrinária, dita Sunna. A recitação obedece a uma mnemotécnica de um tal modo a facilitar a memorização e a recitação. Como já vimos Islam é palavra árabe que se traduz por “Submissão”, abandono à vontade de Deus.
O Islam é monoteísta, crê em Allah (Alá), o Deus Criador.
Estudiosos das religiões árabes nos dizem que o monoteísmo não era encontrado nas religiões árabe anteriores a Maomé. Concluem (temerariamente) que o monoteísmo árabe não tem origem árabe e é influencia do judeu-cristianismo. A teologia que ele professou, como sendo um profeta de antiga religião derivada do Pai Abraão, deriva claramente de três blocos religiosos anteriormente existentes. A antiga religião árabe; a religião israelita; a religião dos cristãos.
1) A antiga religião árabe era politeísta. Cultuava pedras divinas, consideradas como mansões de seres espirituais superiores cujas graças os homens procuravam atrair a si. Um resquício muito claro desse antigo culto é a veneração da Pedra Negra, situada na Caába em Meca.
2) Da religião israelita, professadas por judeus residentes na Arábia. Foi desse patrimônio judaico que Maomé derivou as grandes linhas da sua orientação religiosa: Existe um só Deus, que se foi revelando aos profetas da humanidade: Adão, Abraão, Moises, Jesus Cristo e consumou sua revelação em Maomé, que será o maior de todos os Profetas (em 610 DC.). A inserção de Moisés no uso do judaísmo explica o uso do Torá no ensinamento islâmico assim como também confirmam esse fato certos costumes judaicos praticados pelos muçulmanos (as purificações legais, a observância do talião, a poligamia). Maomé porém, não se identificou como o pensamento do velho Testamento, e não conheceu os Evangelhos ( documentos Cristãos) porque via em Jesus Cristo não o Filho de Deus, mas um profeta eminente, ao gosto dos Judeus, que não aceitavam Jesus como o Messias Prometido.
3) A Religião dos cristãos: Maomé a conheceu principalmente em suas viagens. Tais cristãos eram nestorianos e monofisistas (ambos heréticos quanto à pessoa de Jesus Cristo) que lhe apresentavam um cristianismo condenado. Nunca chegou a ler os Evangelhos.
4) Sem se comprometer nem como o cristianismo nem com o judaísmo, Maomé se definiu como continuador da religião de Abraão e de seu filho imediato Ismael, personagens muito mais antigos que Moisés e Cristo, na historia Sagrada. Na Verdade Ismael é o primogênito do “Povo” árabe, Ismael filho de Abraão com Agar, a escrava de Sara. Para justificar sua independência religiosa, e a não sujeição ao filho de Sara, Maomé atribui aos judeus e cristãos “o grande erro de terem falsificado os livros sagrados e o monoteísmo de Ismael e Abraão”. Nesse contexto deve-se pesquisar a origem de Kadija e de seu primo Varaka (ela esposa de Maomé e ele primo de Khadija que são tidos por muitos autores como Judeus). Eu não posso confirmar isso.
5) A moral árabe maometana prescreve basicamente cinco grandes deveres, tidos como pilastras da religião: a) professar a fé (praticamente o maior pecado para o muçulmano, não só para eles, é a apostasia da fé, ou a adesão a idolatria e ao paganismo)
b) orar cinco vezes ao dia cumprindo-se a cada vez as abluções rituais prescritas.
c) jejuar durante o mês inteiro do Ramadã, desde o nascer ate o por do sol (a noite é livre).
d) dar esmola aos pobres (o que é comum em todas as culturas e religiões) e dar hospedagem momentânea seja a quem for e a qualquer hora. Esse preceito se prende as velhas tradições do deserto, onde a hospedagem e a água podem significar a vida. Velásquez, no livro Tuareg, descreve maravilhosamente estes costumes árabes.
e) peregrinar a Meca uma vez na vida.
6) o Corão autoriza todo homem a ter oficialmente quatro mulheres legitimas e tantas concubinas escravas quantas os seus recursos financeiros lhes permitam. O conceito de guerra santa é central no islamismo e foi responsável pela rápida expansão árabe no século VII e VIII; morrer em batalha torna o maometano mártir, ou seja, herói religioso, sobrando ainda a noção de predestinação (algo diferente da de Santo Agostinho) que assinala a cada individuo à hora de sua morte ( onde não há escolha) o que concorria para precipitar destemidamente o guerreiro muçulmano na aventura destemida de fazer a guerra.
A tradição nos conta que entre 610-11 Maomé efetuou sua conversão. Na “Noite do Destino”, Maomé teve um sonho, onde o Arcanjo Gabriel lhe entrega um rolo de linho com inscrições. Ao acordar Maomé estava convencido de que estava dotado de um conhecimento especial e uma vocação para liderar e unir o povo árabe bem dividido. Percebia uma voz na consciência que lhe falava em nome de Deus, e relatava isso a Khadija sua esposa e prima, que redigiu os textos do Al Korão. Com ajuda de Varaka, homem sensato e culto, ficou decidido que Deus escolhia Maomé para ser profeta da nova fé (que incluía a libertação de Jerusalém, dizem).
Doravante o iluminado pôs-se a pregar a nova forma de religião, ou Islam, ou seja, a Submissão, a Dedicação à Vontade de Deus. Todavia suas pregações e vaticínios granjearam entre os ricos e poderosos de seu povo muitos inimigos, Assim na noite 16/7/de 622, Maomé transfere-se de Meca para Medina. Tal acontecimento fica conhecido como fuga, ou em árabe, Hidjira (Hegira), parecida com a história hebraica da fuga do Egito. Esse fato assinala, o inicio da era muçulmana, como a Fuga do Egito o inicio da tradição mosaica.
Em Medina Maomé revela-se chefe habilidoso, militar competente e chefe político carismático. Arregimentam suficientes braços armados, para voltar a Meca e a tomar pelas Armas. Em 629 Maomé entra militarmente em Meca e a toma. E toma posse da Caába.
Finalmente em 8/6/632 vem a falecer.