Uma introdução as heresias dos quatro primeiros séculos.
Em outro texto já falamos do primeiro cisma, e das primeiras heresias. Nesse texto começamos a aprofundar aquelas heresias, mais elaboradas ou sutis, que acabariam por desmontar todo o corpo de doutrina do cristianismo. Começaremos com uma descrição das Heresias trinarias. Esse tipo de interpretação da natureza de Deus, não diz respeito apenas ao cristianismo, portanto o tema é interessante também para os não cristãos.
Assim já tendo estudado a expansão do cristianismo ate o século IV, e vendo a indispensável ajuda dos romanos, passaremos a historiados ataques à doutrina da fé durante a antiguidade.
Um dos mais sérios problemas que se puseram ao Papado e a Igreja foi a conciliação da Unidade de Deus (firmemente professada no Antigo Testamento, tradição judeu mesopotâmico) com a Trindade de pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo conforme foi revelada em e por Cristo, no novo Testamento). A inteligrencia dos cristãos, cheia de judaísmo, como já vimos de gnosticismos, como também já vimos, criava interpretações variadas que só foram definidas no concilio de Nicéia I(325) e terminada no Concilio de Constantinopla em 381. È a história dessa longa resistência doutrinaria que nos vamos estudar.
O Monarquianismo.
No segundo e terceiros séculos, alguns escritores cristãos (vejam a importância dos Concílios) julgavam que o verbo (O Logos) ou o Filho de Deus só se tornara uma pessoa no tempo, em vista da criação do mundo; o pai o teria gerado ou emitido; assim o Logus vinha a constituir-se a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Esta concepção negava a eternidade do Filho de Deus e o subordinava ao Pai (muitos hoje em dia pensam assim) Todavia esses escritores “Cristãos” já não se importavam com o magistério da Igreja, e iam colaborando, como faço eu, sem saber se suas conclusões levariam a graves erros. Passaram despercebidos por muito tempo, porque ao lado dessa primeira afirmação, defendiam a Divindade do Filho, de modo que não suscitaram grandes polemica à sua época.
Essa corrente conciliadora, ou divisora, chamou-se monarquianismo, expressão derivada das palavras latinas Monarquiam Tenemus (Conservamos a Monarquia) como se pode ler e Tertuliano (que também foi um heresiarcas).
Assim eram duas as formas. O Monarquianismo dinamista ou adopcionista, e
O Monarquianismo modalista ou patripassiano.
O Dinamista: O monarquianismo dinamista professou que Jesus era mero homem (muitas Igrejas evangélicas de hoje professam esse erro doutrinário), o qual no momento do batismo terá sido revestido de poder (dynamis= curioso que essa palavra para os gregos significava os espíritos caseiros) divino, foi, portanto um homem adotado por Deus como filho, com intensidade especial. O fundador dessa “doutrina”, que na verdade é a instrumentalização das verdades cristãs, foi Teódoto de Bizâncio, cristão de notável cultura grega que o Papa São Victor excomungou em 190. Os seus principais discípulos Asclepiodoto e Teódoto o Jovem, quiseram organizar uma comunidade própria, para a qual, desrespeitando a Hierarquia apostólica, nomear um bispo, chamado Natal; este foi o primeiro anti papa, o qual um vez excomungado, arrependeu-se e voltou ao seio da Igreja.
Tal corrente teve novo representante (nos conta o Curso de Teologia M.E.) na Pessoa de Paulo de Samosata. Este via em Jesus um mero homem, no qual teria habitado como num templo o Logos ou a Sabedoria de Deus, que em escala menor já habitara em Moises e nos profetas (esvaziava Cristo de sua divindade, e, portanto esvaziava seus ensinamentos. Um Concílio regional, reunido em Antioquia excomungou Paulo de Samosata em 268, mas os numerosos adeptos desse (livres para interpretar as escrituras) continuaram a publicar as suas teses, ate que o Concilio de Nicéia teve que condenar a escola dos Paulanos em 325.
Monarquianismo modalista: Esta corrente ensinava que o filho era o próprio Deus Pai, ou uma modalidade pelo qual o Pai se manifesta; por conseguinte o Pai padeceu na Cruz ( donde o nome, patri de pater, e passionismo, de passus, padecimento, ou seja patripassionismo, ou modalismo.
Tal doutrina devida a Noeto de Esmirna foi levada para Roma e Cartago (África) dando origem ao partido cristão patripassiano, que muita confusão trouxe a comunidade cristã de Roma. Imediatamente o Papa Zeferino (198- 217) numa declaração oficial, afirmou a divindade de Cristo e a unidade de essência em Deus, sem, porém, negar, como faziam os patripassianos a diversidade de pessoas do Deus Pai, e Deus Filho.
Assim, Sabelio em Roma, entendeu o modalismo (patripassionismo) ao Espírito Santo. Esse pregador livre pregava três modalidades de revelação de Deus: uma como Pai, outra Como Filho e Outra como Espírito Santo. Designava cada uma dessas “ manifestações” como prósopon, palavra que originariamente significava originariamente “ Mascara ou papel de ator de teatro” = per+ sona que soa através ( persona). Assim prósopon também significou pessoa. A tese de Sabelio tornou-se ambígua que de bóia Fe atraiu muitos adeptos que não queriam negar a trindade de pessoas em Deus. Como você vê, confundia-se a Trindade de pessoas, como o triteísmo (três deuses) doutrina já politeísta.
A controvérsia haveria de sobreviver durante todo o século quarto, envolvendo todas as camadas da população cristã desde os Imperadores ate os mais simples fieis: assim a ingerência dói poder imperial, que desde 313 era simpático ao cristianismo, contribuiu para tornar difíceis e penosas essas decepções teológicas, que eram feitas à revelia da Igreja Institucional, e elas assumiram, não raras vezes um caráter político. O combate suscitou à Igreja o concurso de vários santos e doutores, por isso o período áureo da literatura cristã esta ligada a esse período de disputas teológicas.
Assim, rejeitando o monarquianismo modalista e dinamista, a Igreja afirmava sua fé em Cristo Pessoa divina distinta do Pai, todavia sobre essa definição da Igreja, muitos aceitaram a doutrina, porém, o presbítero Ario de Alexandria iniciou a tese da subordinação do Filho ao Pai cuja tese chamou-se subordinacionismo, origem e fonte da heresia ariana, tão divulgada pelo Império Romano, cujos argumentos veremos em próximo texto.