terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Heresias.

Heresias II
Arianismo e Semi-arianismo.
Condenado o monarquianismo, como vimos, tanto na sua forma dinamista ou modalista, comprovando mais uma vez a importância dos Concílios e da infalibilidade Papal em Fé e Moral, vamos então ao subordinacionismo, que teve em Ario de Alexandria (Egito) seu principal arauto.
Arianismo.
O presbítero Ário de Alexandria foi mais ousado que os heresiarcas anteriores: afirmava que o filho é criatura do Pai, a primeira e mais digna de todas, destinada a ser instrumento para a criação de outros seres. Em virtude de sua perfeição, para Ário, o Filho ou Logos, poderia se chamado “Filho de Deus”, Ario, portanto não acreditava em Jesus Verdadeiro Deus.
O Bispo Alexandre de Alexandria (Egito) reuniu um sínodo local (não um Concilio) contando cerca de uma centena de bispos que condenaram a doutrina de Ário e dos seus seguidores em 318. A decisão foi comunicada ao Papa São Silvestre.
Ario, porém conseguiu novos defensores para sua causa o que tornou mais árdua a controvérsia. Diante dos fatos, da desobediência de Ario ao Magistério do Papa Silvestre, o imperador Constantino, que em 324 vencera Licinio, imperador do Oriente, tornando-se o único senhor de todo o Império, resolveu intervir. Tomando como conselheiro o Bispo de Òsio de Córdoba (Espanha) que Constantino enviou a Alexandria com a missão de reconciliar Ario com a Igreja, porém a missão fracassou. Então Constantino, em comunhão com o Papa Silvestre resolveu convocar um concilio Ecumênico, sendo esse o primeiro da História, sendo que Ecumênico quer dizer Universal em duplo sentido, reunião de todos os bispos da Igreja, e de todos os povos cristãos, pois onde há bispos há cristãos. A palavra vem de Oikós (do grego casa). No mesmo sentido em que os Hebreus usavam “Casa” de David, como Povo de David. Assim em Nicéia na Ásia Menor (Turquia) em 325 compareceram cerca de três centenas de Bispos provenientes de todas as partes do mundo cristão. Ali foi redigido o símbolo da fé, sobre o símbolo dos apóstolos (Credo) com definições mais precisas que evitassem os erros de ai em diante, o que dizia o símbolo do Concilio de Nicéia, nenhuma novidade, Deus de Deus, Luz da Luz Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai; por ele foram feitas todas as coisas.
A palavra grega Homoousious (consubstancial), ou seja, Cristo tem a mesma natureza do Pai, não foi criado como as criaturas, mas desde a eternidade foi gerado sem dividir em nada a natureza divina.
Terminado o Concilio de Nicéia o Imperador Constantino tomou a si a responsabilidade de fazer cumprir as decisões do Concílio, (no que exagerou) e mandou exilar Ario e outros Quatro Bispos seus aliados. Dizem que condenou às chamas os escritos de Ario, o que é difícil de crer, pois o arianismo tomaria conta de todo o século. Esse período da História da Igreja merece estudos mais apurados, pois um dos Imperadores que sucederam Constantino, Constancia, exilou o Papa Libério. Houve uma má interpretação dos demais cristãos sobre as resoluções, e os arianos, os judeus, e os interesses políticos que não eram poucos, fomentavam a discórdia entre os cristãos. Desconfiados da Ingerência do Imperador Constantino nas decisões do concilio, uns achavam que o Concilio de Nicéia havia sido sibelianista ( sibelianismo que já vimos no texto anterior) ou modalismo. ( mais ou menos o que aconteceu com a Vaticano II). Por isso mais tarde, bispos arianos e monges passaram a combater o concilio apoiados pelos sucessores de Constantino: Constancio e Valente. A defesa do Concilio era feita por Santo Atanásio Bispo de Alexandria desde 328, e posteriormente pelo papa Libério que ao retornar a Roma, combateu eficazmente o arianismo.
Os antinicenos, como eram chamados os que discordavam do Concilio de Nicéia, com o apoio dos imperadores que sucederam a Constantino, depuseram bispos, reuniram concílios Regionais e convocaram um Concilio “Ecumênico Herético” em Nike (palavra que quer dizer Vitória) para confundir ainda mais o mundo cristão, pois o Concilio Ecumênico do Papa Silvestre fora em Nikaia, donde Nicéia, em 325.
Finalmente, após mais de cinqüenta anos de disputas, por obra de três doutores da Capadócia (Ásia Menor): São Basílio de Cesárea (395); São Gregório Nazianzeno (390) e São Gregório de Nissa (394) fizeram valer a doutrina dos apóstolos, “três pessoas e um essência”, formula que definia que só há uma divindade que se afirma três vezes em três pessoas. Teodósio o Grande, imperador Romano em 379-395 foi também ardoroso defensor convidando a todos os habitantes do Império que professassem a Fé de Roma do Papa Damaso e de Atanásio em Alexandria, fazendo referencia ao mundo cristão do Ocidente e do Oriente, mandou também entregar as igrejas aos católicos, pois haviam sido tomadas pelos arianos. Em seu reinado foi convocado o Concilio Ecumênico de Constantinopla I (em 381) que haveria de consolidar a posição da Igreja contra o arianismo. Todavia a tal heresia não se extinguiu; pois as tribos germânicas, que tiveram contacto com o cristianismo pelo viés ariano, abraçaram o arianismo como religião Nacional.
No próximo texto iremos estudar como foram às discutições sobre o Espírito Santo (Jo 14,16) que embora referenciado nas Sagradas Escrituras, com as declarações do Concilio de Constantinopla, voltou a ser centro das atenções, pois opa sara “esquecida” durante todo o século IV. Santo Atanásio ao combater o arianismo defendia a divindade e substancialidade do Espírito Santo. Por isso um sínodo de Alexandria reuniu se em 362, em plena discutição ariana, e declarou oficialmente a opinião da Igreja sobre o Espírito Santo. Mas Macedônio bispo ariano faz-se ferrenho adversário da divindade do Espírito Santo, pecando contra o Espírito de Deus, não será apenas condenado pela Igreja, mas será condenado pelo pecado sem perdão, o pecado contra o Espírito Santo. O concilio de Constantinopla além de excomungar 38 bispos seguidores de Macedônio, afirmou o Símbolo, no seu artigo 3º “Creio no Espírito Santo, que falou pelos profetas (Jo. 15,16) e procede do Pai e do Filho (Filioque). Assim decisões dos Concílios de Nicéia e Constantinopla definiram.