domingo, 8 de fevereiro de 2009

Os sucessores de Juliano o apóstata.

Os sucessores de Juliano Apostata ate os fins do século IV.
Certamente você já formou uma idéia da extensão do Império Romano. Essa idéia geográfica da extensão do Império é importante para imaginarmos os focos de povos cristãos, e o desenvolvimento institucional da Igreja. Muitos erros de interpretação sobre a vida cristã e seu relacionamento com o império, nos cometemos, induzidos pela má idéia que fazemos das relações políticas existentes entre os imperadores, o império como organização política, os diversos povos e as muitas línguas que o constituíam e o cristianismo.
Assim, após Juliano o apostata, devolvendo ao Império a religião pagã (entendida sempre como não cristã) sucederam Joviano e Valentiano I no Ocidente (Europa Antiga) e Valente no Oriente (Eurásia próxima: Turquia, Síria, Armênia, Palestina, e Egito e demais regiões do norte da África). Na seqüência, Graciano e Valentiano II no Ocidente, substituindo os primeiros já citados, e Teodósio o Grande no Oriente.
Essa seqüência de imperadores restabeleceu o cristianismo sob o ponto de vista da “licitude publica” e legal, assim facilitariam a restauração da vivencia do cristianismo e das instituições cristãs principalmente em regiões onde fora interrompida. Principalmente nas grandes cidades a Fe cristã foi se implantando, nos diz um autor, enquanto em aldeias ou Pagi (em latim) ainda se encontravam redutos da antiga religião pagã dos romanos, e a religião de outros povos formadores do império. Isso se deu de tal modo que os adeptos dessas religiões ficaram sendo chamados pagani (aldeões; habitantes das aldeias), daí se originando a palavra portuguesa Pagão para designar o não cristão. Foi em uma lei Romana de 370 que pela primeira vez na história ocorreu o termo paganus para designar o não cristão, antes disso, aos pagãos outros nomes se aplicavam. (os próprios cristãos foram chamados de não crentes).
Veja a sutileza, o Imperador Graciano ( 375-383) no Ocidente, recusou-se a receber o titulo de Pontifix Maximum ( Pontífice Maximo) do paganismo. Sim do paganismo helenístico, posto que se tornasse cristão. Sendo assim, mandou suspender as contribuições do estado para o culto pagão, do qual alguns Imperadores foram Pontífices Máximos (nada tendo isso como a estrutura hierárquica da Igreja Cristã sobre o Martírio de Pedro e Paulo em Roma) e afastou do Senado o altar da deusa Victória (382), é preciso que se diga que esse altar de sacrifícios, e essa Deusa nada têm com Maria Santíssima mãe de Jesus, nem com a mesa da partilha cristã. Essas medidas ousadas de Graciano causaram fortes reflexos na vida civil do Patriciado (elite romana), que enviando ao Palácio do Imperador em Milão (vejam que já não era a sedo do império do Ocidente a velha Roma) uma delegação chefiada pelo celebre senador Simaco a fim de restaurar o altar dos sacrifícios ao seu lugar no Senado. Graciano porem recusou-se a recebê-los.
O Graciano sucedeu o seu irmão Valentiano II com apenas 13 anos de idade. A facção pagã da sociedade Imperial repetiu seu apelo, desta vez por escrito de modo que existe oi registro da história. Os conselheiros do jovem imperador estavam por estes a conceder, quando Santo Ambrosio, Bispo de Milão em atitude enérgica dissuadiu ao jovem imperador de aceitar a restauração de Ara Vitória, e o próprio Ambrosio em uma de suas cartas (epistolas 17, 9, 10) afirmava que em 384 já a maioria dos senadores romanos eram cristãos.
Sobe Teodósio I (375-395) que reinou no Oriente do Império (Bizâncio) registram-se acontecimentos muito importantes para a historia do cristianismo. Em 380, mais precisamente em 28 de Fevereiro de 380, Teodósio assinou um decreto Imperial no Oriente que tornava oficial em todo o Império a fé católica (universal) “transmitida aos romanos pelo apostolo Pedro, professada pelo Pontífice (cristão) Damaso em Roma e pelo Bispo de Alexandria”, ou seja, com essa atitude e palavras Teodósio abraçava para si e para o império o Credo, que proveniente dos apóstolos, era professado pelo Papa São Damaso (366-384) e pelo Bispo santo Atanásio de Alexandria, grande defensor da fé contra os arianos. Assim o cristianismo que Constantino I tornara licito em 313, tornava-se religião Oficial.
Teodósio deu continuidade à extirpação do paganismo, mandando fechar números templos; em Alexandria foi destruído o famoso Serapion (391); o povo e os monges cristãos tomam parte ativa nessa destruição segundo a mentalidade do tempo. Os romanos haviam derrubado o Templo de Jerusalém, em nome do paganismo, em 70, e esse habito de derrubar, era o modo operacional dos povos. Em 395 Teodósio de mais um passo um decreto imperial equiparava os sacrifícios de (animais e humanos), pois a entrega de cristão as feras, ou os relatos bíblicos de entrega ao fogo, á caldeirão de óleo, a decapitação e a crucificação, eram sim sacrifícios humanos aos “deuses”. Condenava também o aurispicio (exame das vísceras para adivinhar o futuro (pratica também encontrada na America do Sul) como alta traição, e o punia com o confisco dos bens.
No Ocidente, como o assassinato de Valentiano II(392) por parte do general bárbaro Franco, Argobasto, e a ascensão do usurpador Eugênio (392-94) deu-se ocasião a um breve surto de retorno ao paganismo e a Ara Victoriae foi devolvida ao Senado. Teodósio Imperador do Oriente interviu em Izonzo, perto de Aquiléia, em 394 e pôs fim as expressões do paganismo, que doravante já não terá dentro das fronteiras do Estado Romano, força de enfrentar e assumir a sua posição de outrora.
Ao morrer em 395, Teodósio deixava a Igreja consolidada neste mundo imperial, tanto em relação ao paganismo, que perseguiu o cristianismo duramente, assim como em relação à heresia ariana, nascido no seio do cristianismo, que encheu o século quarto por inteiro e que o Imperador contribuiu para afastar, aderindo incondicionalmente às resoluções do Concilio de Constantinopla I (381), por isso é sempre bom lembrar com já houvera dito Santo Ambrosio Bispo de Milão e contemporâneo: “O imperador esta dentro da igreja, e não acima dela”
Teodósio deixou o Império para seus dois filhos: Acádio (395 - 408) no Oriente e Honório ( 395-423) no Ocidente.