quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Heresias IV

Heresias IV.
O Apolinarísmo. (Texto base Escola M. Ecclesiae)
Vejam vocês como todos nós estamos sujeitos a graves erros, mesmo quando estamos cheios das melhores intenções. (Foi esse o Caso de Apolinário de Leodicéia (na Siria) Bispo entre 310-390). Em plena resistência ao arianismo, já visto em texto anterior, Apolinário toma o partido dos padres Conciliares de Nicéia contra os arianos, mas em sua zelosa defesa acaba afirmando que em Cristo, a natureza humana carecia de alma humana (vejam mais uma vez, que no século, os pensadores estabeleciam clara diferenciação entre espírito e alma espiritual). Apolinário tomava ao pé da letra as palavras de São João 1,14: O Logos se fez Carne (Espírito de Deus se fez Carne). Entendia Apolinário que carne era ou deveria ser entendida no seu sentido restrito com a exclusão da alma humana. Assim o Logos de Deus (Vontade e Inteligência de Deus) faria às vezes de alma humana assumida pelo Logos. Os seus argumentos em favor dessa tese eram os seguintes: Duas naturezas completas (divindade e humanidade) não podem tornar-se um ser único; se Jesus as tivesse, Ele teria duas pessoas ou dois Eu (vejam que interessante esse tema para os Psicólogos) o que seria monstruoso (dupla personalidade). Além disso, dizia Apolinário, onde há um homem completo, há também o pecado; o pecado, dizia Apolinário tem origem na Vontade (então o Logos que é Vontade e Inteligência de Deus, pecaria?); por conseguinte, Jesus não podia ter vontade humana, nem alma espiritual, que é a sede da vontade (e para Apolinário, origem do Pecado).
Apolinário expôs suas idéias no Livro “Encarnação do Verbo de Deus” que ele, ao invés de apresentar ao Papado (veja o desejo de fama) apresentou ao imperador Joviano, e que posteriormente seus discípulos difundiram. Ou seja, na defesa da Igreja, caiu em erro, coisa a qual todos estamos sujeitos.
Suas idéias foram condenadas pelo Sínodo (não Concilio) de Alexandria em 362. (vejam o que é a documentação, ou memória histórica da Igreja, e a importância disso); e depois pelo papa S Damaso (percebam que os sínodos submetiam suas conclusões ao Papado) em 377 e 382, e especialmente, e definitivamente pelo Concilio de Constantinopla I em 381. Apolinário recuou, e passou como foi moda à época esconder-se na tradução e uso de palavras eruditas de sentido dúbio, técnica que seria usada séculos depois pelos enciclopedistas (para corromper conceitos usuais). Assim Apolinário depois de corrigido negava “apenas” a mente humana de Cristo “ noous” (noos)( donde provêm a palavra Noologia como sinônimo de Psicologia). Então sutil e maliciosamente Apolinário negava a mente humana em Jesus Cristo.
São Gregório de Nissa, morto em 395, respondeu a Apolinário, com o seguinte e demolidor princípio: “O que não foi assumido pelo Verbo (logos), não foi redimido”. O que quer dizer isso? Deus quer santificar e salvar a natureza humana pelo próprio mistério da encarnação, ou pela união da Divindade com a humanidade de Cristo; se, pois a humanidade estava mutilada em Jesus, ela não foi inteiramente salva, e os homens não foram redimidos.
Embora condenados, e talvez por isso (sempre há uma mesma força nos bastidores da História contra o cristianismo) em Antioquia, fundou-se uma comunidade apolianista tendo à frente (um bispo fora da Hierarquia) chamado Vital (não confundir com Dom Vital, o Bispo que lutou contra a maçonaria no Brasil). Por volta de 420 foi absorvida pela Igreja ( cesaropapista , talvez por esse motivo tenha entregado seus escritos ao Imperador Joviano) obediente ao César, grega). Todavia, e por isso mesmo, nem todos os seus membros abandonaram o erro, pois a igreja Grega ansiava por libertar-se da autoridade do Papado constituído sobre o Martírio de São Pedro e São Paulo ( apóstolo dos judeus e apóstolo dos gentios) em Roma. O Apolinarísmo reviveu, ou sobreviveu, tempos depois, na heresia de Eutiques.
Outros atores, sempre mais preocupados em mostrar erudição do que iluminar a nossa vida de cristão leva a tese de Apolinário a detalhes, sem duvida interessantes, principalmente para os psicólogos, pois, Apolinário negou a perfeita natureza humana de Cristo, e também sua perfeita natureza divina, dize apoiado na “Tricotomia” platônica, não queria negar a função Redentora de Cristo, então não negou a “Psiqué álogos” (alma não lógica), porém não lhe reconheceu a alma racional “Noous Psiqué logiké”, segundo o qual Cristo não é homem perfeito nem só Deus, mas um misto de Deus e Homem. Quando Juliano (Imperador Apóstata) proibiu o ensino Cristão, Apolinário tentou criar uma literatura leiga de inspiração bíblica, e conseguiu versificar parte do Velho Testamento, o que mostra sua orientação de bastidores. (cf. Humberto Porto dicionário enciclopédico das Religiões) .
Em seguida nos veremos a heresia Nestoriana, a Monofisista, e a Monotelista, o Teopasquismo, o Monogertismo e Monotelitismo (diferente da Monotelista) sendo essas as principais heresias cristológicas. (há outras).
Como curiosidade, e ilustração, sugerem a leitura de Mateus 16-18; e Lucas 22, 31 e seguintes, sobre a infalibilidade do Apóstolo Pedro e sua sucessão quando ensina oficialmente.
Jesus Cristo Deus ( Is 7,14; 9,6; 25,9; 35,4s; 40,3; Jô 1,1; 20,28; Rm 9,5; Cl 2,9; At 2,13)
Jesus filho de Deus (Sl 2,7; Mt 8,29; 16,16; 26,63; Jô 1,34; 14,2; Gl 4,4)
Jesus eterno (Jo 8,58; Ap 21,6)
Jesus onipotente (Mt 28,18; Jo1, três; Cl 1,15s)
Jesus onisciente (Mt 9,4; Mc 14,13; Jo1, 48; 13 19)
Jesus sem pecados (Jo 8, 46; 2Cor 5,21; Hb 4,15; 7,26; 1Pd 2,21s; 1Jo 3,5)
É lhe devida à adoração (Sl 72,10; Fl2, 9-11; Hb 1,6)
Por ele tudo foi criado ( Jo 1,3; Cl 1,16 )
Dá poderes divinos ( Mt 19,8; Lc 5,20, 7,48-50)
Testemunho dos apóstolos ( Mt 16,16; Jo 1,34; 6,70; Hb 1,2)
Jesus teve corpo humano ( Mt 4,2; 8,24; 21,18; Lc 19,41; Jo 1,14; 11, 35; Fl 2,7; 1Tm 2,5; 1Jo 4,2).
Jesus Cristo Redentor (Lc 1,79; Jo1,9; 3,19; 9,12; 12,46)
Autor da ressurreição ( Jo 5,21; 6,39s; 1Cor 15,21s)
Ressurgiu dos mortos ( Mt 28,2-6; Mc 16,6; Lc24,2-6)
Na esperança que o texto tenha ficado bem claro
Wallace Req.