domingo, 4 de janeiro de 2009

Aprofundando.



Perseguições hoje.

Aprofundando a questão das perseguições.
OBS: O texto que apresento aqui não é de minha autoria, mas faz parte de um curso sobre a História da Igreja. O texto é claro e elucidativo.
O cristianismo expandiu com rapidez surpreendente apesar dos muitos obstáculos que teria que superar (não fosse obra de Deus) no mundo judeu e pagão. Vejamos, pois quais os principais fatores que favoreceram a sua difusão e quais os grandes obstáculos que se lhe opuseram.
Distinguimos quatro pontos positivos:
1) O mundo Greco Romano estava decadente no plano da filosofia e dos costumes. Com efeito, o fracasso da razão, levava aos cidadãos do Império a procurar uma resposta diferente, que não fosse um mero produto do gênio do homem, mas viesse do alto, disto dão testemunho as religiões de mistérios e certas tendências do monoteísmo dentro do Império.
No plano ético, o gozo, a futilidade e a procura de prestigio dominavam apesar da severa doutrinação dos estóicos. O pobre era desprezado em favor do rico e poderoso; também a mulher sofria marginalização; mais ainda, o escravo, tido como base econômica do Império, era tratado como coisa.

Ora a essa sociedade o Evangelho propunha a valorização de toda e qualquer pessoa humana, feita a imagem e semelhança de Deus (cf. Gl3, 27-29; Cl 3,11) a caridade para com todos, o amor a pobreza e a renuncia. Desvendava o sentido da vida inspirado no amor daquele que primeiro nos amou (1 Jo 4,19) e que nos chamou ao consorcio de sua bem-aventurança a ser alcançada em Cristo.

(2) Como foi insinuado o cristianismo aparecia como algo inteiramente novo e inaudito (2Cor 5,17), mas correspondente as inspirações mais profundas do ser humano. Por isso podia dizer Tertuliano, que foi montanista, o jurista Africano, nascido em Cartago, cidadão romano, convertido à fé cristã no fim do século II: “A Alma humana é naturalmente cristã; encontra-se no Evangelho a respostas aos seus anseios inatos”.

Com outras palavras: O Cristianismo não tinha a seu favor nem a riqueza considerada como tal, nem tropas que lhe desse poder, nem apoio imperial, mas contava com o poder de atração e o fulgor da verdade (o autor parece temer dizer que Deus tinha interesse na difusão do cristianismo) especialmente no que dizia respeito ao sofrimento, da retribuição e do além, que encontravam, e encontram, no Evangelho uma solução que não é só filosófica (a filosofia é incapaz de resolvê-las), mas que a sã razão pode aceitar pela fé sem trair a sua dignidade. (a Fe, não é um raciocínio, e não é um sentimento, a fé é um dom de Deus, que a uns é dado gratuitamente e a outros é possível pedir). Muitos estudiosos Greco-romanos, depois de haver percorrido diversas escolas filosófico-religiosas, encontraram finalmente na Igreja (pois sem ela não conheceríamos o Evangelho) a verdadeira sabedoria, que eles estimavam como a única na qual podiam confiar (São Justino (santo judeu) em Dialogo com Trifão n 8).
3) Além de proferir a verdade, os cristãos a traduziam em coerência de vida. Embora não se fechassem em grupos ou facções, os discípulos de cristo primavam pela retidão de Costumes, pelo amor fraterno, pela castidade... Tertuliano nos transmite a observação feita pelos pagãos: “Vede como se amam mutuamente e como estão prontos a morrer um pelo outro” (ah! Se isso fosse uma verdade hoje, onde igrejas não querem pobres). Em Apologeticum 39. Notório testemunho da conduta crista é a epistola a Diagoneto, dirigida por um cristão desconhecido a um interlocutor pagão.

Mesmo diante das ameaças dos perseguidores, muitos discípulos de Cristo se mantinham intrépidos e aceitavam a própria morte. A sua firmeza heróica dissolvia calunias e convencia muitos dos que lhe eram alheios, como notam alguns escritores antigos: Tertuliano morto em 220 diria “Mais numerosos nos tornamos todas as vezes que somos por vos ceifados; o sangue dos cristãos é semente.” (Apologeticum 50).
E Latâncio diria: Cresce a religião de Deus quanto mais é premida (Instituições V 19-9).

4) Os cristãos tinham o zelo missionário, expressão do fervor de sua fé. Homens e Mulheres, escravos e livres, comerciantes e soldados sentiam o dever de transmitira a Boa Nova, cientes que assim estavam servindo a seus irmãos.