sábado, 10 de janeiro de 2009

Curiosidade, um capítulo da história que poucos conhecem.

Uma história pouco conhecida.

Mais ou menos no ano 100 depois de Cristo, os judeus, apavorados com o crescimento do cristianismo dentro de seu povo, se reuniram em um sínodo, o sínodo de rabinos de Jâmnia, ou Jabenes. Nesse sínodo os rabinos procuraram desmontar as bases escrituristicas dos cristão oferecendo-lhes resistência, que se referiam aos textos da tradição rabínica ( Thorá (Berith)), ou como entendemos hoje, o Velho Testamento. Assim os rabinos definiam como critério para se saber se um livro era inspirado por Deus:

Os critérios rabinicos não são os critérios cristãos. Jesus traz a nova e definitiva Aliança (Berith).

Todavia é bom comentar, porque a negação desses livros, será retomada pelo chamados protestantes.

São assim quatro os critérios rabínicos: A) fossem escritos em hebraico( nenhum livro cristão foi escrito em hebraico) portanto não em aramaico ou em grego. B) na terra de Israel, não no estrangeiro (somente Matheus foi escrito em Israel, todavia vou verificar se apenas Matheu escreveu na Terra Santa, pois eu, com certeza sei que João escreveu na Ilha de Patmos). C) Antes de Esdras no século V antes de Cristo. (todavia não se conhece hoje nenhum fragmento, por menor que seja dessa época, a documentação existente hoje, nos leva a supor que durante o sínodo dos Rabinos, também não existisse nenhum fragmento escritural original dessa época). D) em conformidade com a lei de Moisés.
Todavia no sínodo de Trulos II, em 692 depois de Cristo, no Oriente (Ásia Menor,) definiu a Igreja o Canon bíblico, incluindo os sete livros chamados deuterocanonicos (déuteron = depois) de Esdras que os judeus de Jâmnia não aceitaram, e que serão os livros rejeitado pelos protestantes por volta dos anos 1450 dC. Assim, os protestantes voltavam a fazer o jogo dos judeus.

Para que você entenda o que é Canônico: Kanná em grego é um caniço (hoje por assimilação chamamos cana... de açúcar, por exemplo) e era um caniço de medir, portanto era um padrão de medida como o metro. Cãnon, portanto era o conjunto de livros dentro da regra, da medida( metaforicamente) de vida ver Gl 16,16. Os antigos falavam em cânon da fé ou da verdade (medida ou régua da fé e da verdade) que era o critério para julgar a vida dos cristãos. Nesse sentido, cânon passou a designar catálogo, tabela registro, e nesse sentido passou a chamar-se para os cristãos o catalogo dos livros da Bíblia, que desde Trulos II, reuniu os livros, proto e deuterocanonicos como livros sagrados. Próton do grego primeiro (da primeira hora), ou seja, desde sempre. Déuteron, do grego = segundo, posterior, (em segunda estância).

Assim são três as línguas dos textos sagrados do Cristianismo: o Hebraico, o aramaico e o grego, e posteriormente, o latim.

1)O Hebraico, língua que se supõe tenham sido escritos os livros protocanônicos do Antigo Testamento (Thorá, Berith). Dizemos se supõe porque não se conhece originais dessa época do seculo V aC. O hebraico escrito, reservado ao oficio das sinagogas, era escrito ate o oitavo século depois de Cristo, somente com as consoantes, sem vogais, e o leitor deveria completar mentalmente com as vogais. Um exemplo e português: peguem as consoantes l e m, agora inclua as vogais: lama, leme, lume, alma... etc. Isso gerava no hebraico propositadamente ( para interesse dos rabinos) interpretações duplas, havendo regras para o chamada interpretação “exotérica” dos textos. Tal curiosidade pode ser comprovada no seguinte episódio. Em Roma há uma estátua de Miguelangelo, que representa Moises com chifres. Isso se deve, porque São Jerônimo ao traduzir o Q e R do hebraico, que poderia ser lido entre outras formas qaran (brilhante) e, por exemplo, qeren (chifre), pois São Jerônimo leu em Esdr 34, 29s ao invés de rosto luminoso, rosto com chifres. Assim a palavra AH do hebraico poderia significar irmãos ou primos, (Mc 6,3) e Bikor podia significar primogênito ou bem amado (Lc 2,7), costumes esse que se tornaram erros e fonte de discussão inútil do texto sagrado.

2)O Aramaico, língua aproximada do hebraico, na qual foram redigidos trechos de livros protocanônicos do Antigo Testamento, excluídos pelos judeus de Jâmnia por não terem sido escritos em Hebraico, mas curiosamente trechos de Esdras (outro dos critérios dos judeus) foram escrito em aramaico. Dos documentos que se conhece, ou que são apenas citados (pois também não se conhece o texto origina de Matheus que foi escrito em aramaico) temos a seguinte realidade: Esdr 4,8-6; 7,12-26; Dn 2,4-7,28; uma única frase em Jr 10,11 e duas palavras em Genesis 31,47. Se hoje, em 2009 não conhecemos os textos hebraicos antigos, é muito provável que os hebreus ao tempo de Cristo, também não conhecessem textos dos tempos da saída de Ur, ou do Egito com Moisés. O que se preservava em um mundo de ANALFABETOS ERAM AS TRADIÇÕES ORAIS. É preciso dizer, que o aramaico era a língua falada por Jesus Cristo, o hebraico falado estava extinto no uso popular entre judeus já nessa época, pois a partir do século quinto antes de Cristo ( à época de Esdras) essa língua tornou-se a língua internacional dos judeus.( há autores que dizem que o hebraico estava extinto por completo á época de Cristo , tanto no oficio das sinagogas, como no uso falado).

3)O Grego em que foram redigidos os livros do Novo Testamento, ou nova Aliança. Temos muito próximo dos originais Sb, 2Mc. Além disso conhecemos ( não eu, mas os autores da história Biblica)fragmentos deuterocanonicos cujos textos originais se perderam, todavia encontra-se em traduções gregas. O grego bíblico aparece impregnado de semitismos (vocábulos de origem hebraica e aramaica), pois foi utilizado por escritores hebreus.