domingo, 11 de janeiro de 2009

A vitória contra os primeiros erros.

Vitoria sobre o erro.
O desenvolvimento escrito da doutrina.
Podemos ler na Sagrada Escritura que Jesus lia nas sinagogas, e escrevia no chão, mas curiosamente não nos deixou nenhum escrito. Quando eu penso que em 2003 havia no Paraná, 500.000 analfabetos, como pensar ao tempo de Cristo, o numero dos letrados. Dos doze apóstolos apenas cinco nos deixaram escritos ( Matheus, João, Pedro, Tiago e Judas) e todos escreveram após a morte de Jesus Cristo. É curioso e podemos sim pensar que algum não soubesse escrever; as epistolas (cartas) endereçadas a comunidades longínquas parecem surgir a partir dos anos 49 e 50. Termina os escritos apostólicos aparentemente como o evangelho de São João aproximadamente ao ano 100. O primeiro evangelista a escrever foi Matheus em 50, em aramaico, os outros foram escritos em grego. Os evangelistas Lucas e Marcos não foram discípulos imediatos de Cristo, e fazem parte dos escritores contemporâneos dos Apóstolos, sendo seus discípulos diretos ou indiretos deixaram, alem dos dois Evangelhos (Marcos e Lucas) obras em geral muito simples, instruções e exortações aos bons costumes, explicações da Sagrada Escritura e resumo da doutrina Cristã.
Se vocês pensarem que Jesus morreu entre 33 e 36, quando João redigiu seu Evangelho haviam se passado 64 anos. Disso tudo nós tiramos uma certeza, a pregação inicial foi verbal, segundo a ordem de Cristo: Ide e pregai o Evangelho (o que é o mesmo que dizer ide dar a boa noticia, pois a palavra Evangélicon, grega, quer dizer Boa Nova, ou Boa Noticia. Mas tudo ia sendo feito de forma oral. A epistola mais antiga conhecida é a de São Paulo, escrita em 49, ou seja, 13 anos depois da Morte e ressurreição do Senhor. O primeiro Evangelho 14 anos depois da Morte de Nosso Senhor; em seguida temos os escritores eclesiásticos. Discípulos de São Pedro aparecem os escritos de São Clemente de Roma 4quarto Papa, em carta aos coríntios, e Santo Inácio de Antioquia que escreve sete cartas a diversas comunidades. Discípulo de São João Evangelista, São Policarpo foi a ultima testemunha dos apóstolos.
Entre os anos 70 e 90 surge a Didaqué de autor desconhecido, testemunho muito rico da vida cristã. Vários outros escritos, porém considerados de menor importância. O mais importante documento da idade apostólica é o Símbolo dos Apóstolos de origem apostólica, doutrina simples, se alusão a heresias, nenhuma especulação teológica e linguagem e pensamento característico dos escritos apostólicos.
Na seqüência surgem os Apologetas (ou apologistas) escritores do segundo século que defendem a fé diante dos primeiros inimigos, já falamos algo sobre eles em outro texto, mas é bom lembrar, para fixar. Assim Roma (enquanto Império, ou seja, estendida ate a Terra Santa) começa a resistência ao pensamento cristão combatida, não só pela força, mas pelos intelectuais pagãos. Tácito chamou o cristianismo de detestável superstição. Celso negando o Messias procurava destruir os fundamentos do cristianismo. Marco Aurélio (imperador) procurava valorizar a crença pagã com conteúdo religioso (o neoplatonismo). Os apologistas defendem a fé, falam aos imperadores e filósofos, condenando a barbaria, os erros e os sofismas. Nesse embate do segundo século participa um grupo de cristão ilustres que é o orgulho do cristianismo. Quadrato, de quem se conhece apenas fraguimentos. Aristides, demonstrando que o culto pagão é falso e imoral. Taciano, o apologista virulento, combate sem meias palavras o paganismo onde não vê nada de útil. Antenágoras expondo a verdade a todos sem meias palavras. Justino em duas apologias nos deixa um testemunho claro da eucaristia.Minúcio Felix, escrevendo para sábios faz de seu Otávio, a pérola da apologética cristã. E a maior figura do segundo século, Santo Irineu, Bispo de Lião (Leão), escrevendo o seu “Tratado contra as heresias”.
O século terceiro o numero dos cristãos é maior, as perseguições já tem outro conteúdo, e a comunidade cristã estruturada em Igreja Visível, enfrenta as divisões internas, desvios, heresias, cismas, o que resulta num aprofundamento dogmático, e definições precisas; é o século dos grandes apologistas e controversistas:
A escola de Alexandria: (no Egito, cidade fundada por Alexandre o (Macedônio), durante a expansão do império Helenístico de língua grega). Ali surge Clemente de Alexandria, contrapondo-se ao gnosticismo, a apologia de Cristo contra o paganismo e judaísmo, a exposição da vida cristã, e o aprofundamento da doutrina de Cristo. Também em Alexandria surge Orígenes ( 185-255) corrigindo interpretações da Bíblia ( mas acabou condenado em alguns erros pelos papas. Deve-se sempre lembrar que não existia imprensa. Os textos manuscritos, em couro ( pergaminho) ou papiro, se houvesse existido aos milhares, haveríamos de ter hoje muito mais documento do que se tem em termos de originais, o que prova, que o conceito de Bíblia era diferente do que temos hoje.
Também no norte da África floresceram grandes cristandades, entre negros e semitas (ver historia das colônias semitas do Norte da África, e gregas, e Romanas. A historia do cristianismo registra ai quatro grandes escritores: Arnóbio que passa de adversário a defensor do cristianismo; Lactâncio chamado o Cícero Cristão e historiador do fim trágico sofrido pelos imperadores perseguidores da Igreja; São Cipriano Bispo de Cartago e Tertuliano, o mais notável dos apologistas conhecidos, que se tornou aderente a heresia Montanista (seguidores de Montano) que, já naquela época, atribuíam a si uma ligação direta com o Espírito Santo, negando o Magistério eclesial instituído com a entrega das chaves a Pedro pelo próprio Cristo.
Deixaremos para um próximo texto o quarto século, chamado século de ouro, e as principais cismas e heresias, para que se compreenda a importância do colégio dos Bispos de todas as terras habitadas por cristãos submetidos ao Papa (infalível em Fé e Moral) para a solução doutrinaria e pacífica desses conflitos que foram surgindo, desviando as almas do que Jesus Cristo houvera dito. Falaremos dos Judaizantes ( ebionistas e cerintianos);milenaristas;gnosticismo; marcionismo; montanismo;maniqueísmo; arianismo;docetistas; nestorianismo;monofisismo;monotelismo;pelagianismo; semipelagianismo; e os rebatizantes, finalmente a penitência. Não costumamos fazer promessas de textos, pois algumas vezes não conseguimos realizá-los, todavia, é o caminho a ser tomado no combate aos principais erros dos tempos iniciais da Igreja.